Uma pesquisa realizada no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) revelou que alguns fatores clínicos estão associados à evolução do osteossarcoma, um tipo de câncer ósseo que apresenta maior frequência entre crianças e adolescentes. Pioneiro em Pernambuco, o estudo identificou que sexo masculino e tamanho tumoral acima de 15cm são fatores prognósticos desfavoráveis para a doença, ou seja, contribuem com a redução da taxa de sobrevida do paciente. Isso significa dizer que pacientes que apresentam essas características estão mais propensos à evolução do tumor ósseo.
O resultado foi alcançado através da análise do perfil sociodemográfico de 64 pacientes com idade variável de 4 a 21 anos, diagnosticados com osteossarcoma primário sem metástase inicial e tratados no HCP entre os anos de 2010 e 2017. Para tal, características clínico-patológicas, terapêuticas e informações de idade e gênero de cada paciente foram analisadas e detalhadas com base no prontuário – documento que reúne dados do paciente oncológico – e do Registro Hospitalar de Câncer. “As características foram analisadas a fim de identificar fatores de risco que influenciam no tratamento e prognóstico de pacientes com osteossarcoma, bem como associá-los à sobrevida global, sobrevida livre de doença e sobrevida livre de progressão, dados que representam o tempo de vida após diagnóstico, sem sintomas da doença e sem evolução do tumor, respectivamente”, explica a pesquisadora Ana Luiza Bezerra.
Através da análise, observou-se inicialmente que todos os pacientes estudados apresentaram sintomas iniciais de dor intensa e aumento de volume na região afetada pelo tumor ósseo, geralmente associados a um acidente por trauma. O fêmur foi o osso de maior acometimento pela doença. Outro importante resultado identificou que aspectos sociodemográficos não influenciam na evolução do osteossarcoma. “Embora a maioria dos participantes da pesquisa residissem no interior de Pernambuco e de estados vizinhos, o estudo revelou que a distância geográfica até o HCP não influencia no tratamento e na evolução tumoral”, pontua a pesquisadora.
As descobertas possibilitam um tratamento mais eficiente para pessoas com osteossarcoma, visto que o conhecimento dos fatores que influenciam no comportamento do tumor proporciona uma conduta mais eficiente. Como defende a Ana Luiza, “Identificando os fatores que estão ocasionando a evolução do osteossarcoma, podemos oferecer um melhor tratamento”.
Cumprindo os princípios éticos que envolve a elaboração de uma pesquisa em ambiente hospitalar, o estudo foi orientado pelo coordenador científico do Serviço de Ortopedia Oncológica do HCP, Dr. Marcelo Souza, profissional com grande reconhecimento na especialidade em todo o Brasil.
A doença
Tipo mais comum de câncer ósseo, o osteossarcoma apresenta maior incidência entre crianças e adolescentes. O Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), instituição que é referência no tratamento de tumores ósseos, atende cerca de 90% dos casos de osteossarcoma no estado. Para alertar à população sobre a importância de estar atento aos sinais da doença, o HCP lança a campanha Abril Amarelo, que pode ser conferida no site hcp.org.br/abrilamarelo.
A união entre a qualidade assistencial e o investimento em pesquisa em ortopedia são fatores que elevam o HCP como Centro de Referência em Tratamento Oncológico em todo o Nordeste.