Pelo segundo ano consecutivo o fotógrafo Moisés Jorge assinou a produção fotográfica da exposição De Peito Aberto. As fotos artísticas e as histórias de mulheres, pacientes do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), que venceram o câncer de mama, tem como meta estimular uma nova postura de enfrentamento e aceitação ao câncer. A produção estava disponível entre os dias 24 e 31 de outubro, no Espaço Cultural do Shopping Tacaruna, no segundo pavimento do mall.
A exposição só foi possível graças ao empenho de Moisés Jorge e de importantes parceiros, como Gercily Barbosa (maquiadora), Inovar (Gráfica), Telões e Cia (Projeção), Shopping Tacaruna (espaço), HCP (textos e layout das peças).
Confira agora.
Maria Betânia da Silva, 62 anos.
Descobri o câncer em 2015. Era fim de tarde, estava no banho, minha mão escorregou e senti um nódulo. Eu digo que isso foi meu mentor espiritual, Deus, meu anjo da guarda que fez meu corpo falar comigo. No dia seguinte, procurei o mastologista, que já me prescreveu a mamografia, confirmando nódulos sugestivos para câncer. A biópsia indicou um carcinoma ductal invasivo.
Toda as etapas que antecederam a retirada do câncer me deixaram muito ansiosa e angustiada. Minha vontade era ser internada o mais rápido possível e tirar aquilo de mim. Quando chegou o momento da cirurgia, foi a quadrantectomia, quando é retirado apenas a parte onde o tumor está localizado.
Lembro de conversar com o Senhor. Eu entendi que aquilo estava acontecendo comigo, como poderia ser com qualquer outra pessoa, mas como eu iria lidar com aquilo era uma decisão minha. Escolhi ser resiliente, enfrentar da melhor maneira, sem passar tristeza para os outros. Escolhi fazer daquele saco de limão uma limonada. Eu me olhava no espelho e repetia que era forte e conseguiria passar por aquilo. Eu passei!
Hoje estou curada, sou voluntária no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). Olho para aqueles pacientes diariamente, mosto que sou a prova da possibilidade de cura, que assim como eu, eles também podem ser vencedores. Ninguém sabe o dia de amanhã, mas a esperança é o mais importante.
Andrea Mota, 55 anos.
Senhor, será que vai dar tempo?!.
Esse foi o único questionamento que fiz para Deus, na hora que confirmei que aquele nódulo, descoberto durante o banho, era câncer. Um tumor superagressivo na mama direita, deixava claro que seria uma batalha difícil. Não foi a primeira vez que achei que fosse morrer, mas a sensação do medo não é agradável.
Vítima de violência doméstica durante quatro anos, pensei em acabar com a minha vida e a do meu próprio filho para escapar das agressões do pai dele, mas tive a chance de comprovar que ainda havia muito amor e empatia nesse mundo.
Foi uma amiga que renovou a minha fé. Juntas, Jeronice e eu, seguimos. As sessões de quimioterapia, radioterapia e a cirurgia de retirada total da mama e, depois, retirada dos ovários que ameaçavam causar problemas, era acompanhado de perto por essa amiga, por quem sinto profunda gratidão.
Hoje o meu sorriso é de quem ressignificou tudo, principalmente a dor. Hoje tenho levado esse exemplo de superação pra centenas de outros pacientes, como Voluntária do Amor, e sigo reconstruindo minha saúde mental dia a dia.
Atualmente estou completa. A reconstrução e simetria das mamas era o que faltava para me sentir totalmente plena, e neste ano eu consegui. Mas as marcas estão aqui, são importantes para me mostrar como sou rodeada de amor e muito capaz de superar as dificuldades.
Luiza Miranda, 49 anos.
Tudo começou em 1997, quando amamentava a minha bebê, que tinha apenas seis (06) meses.
Senti um caroço na mama e procurei o Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). A doença foi confirmada por exames e passei pela primeira cirurgia, onde o tumor foi removido. Com apenas 15 dias, foram identificados novos caroços e a segunda cirurgia foi realizada, acompanhada por sessões de quimioterapia e radioterapia, um dos períodos mais dolorosos. Pouco tempo depois, novos nódulos e mais cirurgias.
Em 2005, fui acometida por um câncer de mama mais agressivo e precisei passar por uma cirurgia radical, a mastectomia, com a retirada da mama esquerda. A gravidade desse tumor fez até os médicos desacreditarem da minha cura. Ao todo, o câncer voltou três vezes e passei por 29 cirurgias.
Dez anos depois, em 2015, por um milagre de Deus e minha fé, recebi a tão sonhada cura. Hoje sou um instrumento de resiliência e superação.
O que passei é uma prova de que podemos alcançar tudo o que desejamos, só depende do poder da força interior, a VIDA.
Hoje eu vivo o aqui e o agora, ajudando pessoas que estão passando pela mesma história, enfrentamento o câncer. Essa doença não é uma sentença de morte, precisamos manter a esperança viva em nossos corações.
Suely Botelho, 67 anos.
Descobri o câncer de mama em 2007, durante os exames de mamografia e a ultrassom, um nódulo pequeno do lado direito. Eu já tinha perdido minha irmã para essa doença 15 anos antes, então a minha vida desabou, achei que era o fim. Como foi diagnosticado no início, não precisei passar pela quimioterapia, mas passei pela mastectomia, a cirurgia de retirada da mama, e 28 sessões de radioterapia, tudo no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP).
Quatro anos depois, dessa vez no autoexame, em frente ao espelho, senti um novo nódulo, dessa vez do lado direito. Fiquei desesperada e não consegui segurar o choro, lembro como se fosse hoje daquela sensação de precisar passar por tudo mais uma vez. No dia seguinte, em uma nova consulta no HCP, foi confirmado o tumor. Dessa vez, passei por quatro sessões de quimioterapia, além de mais 28 sessões de radioterapia e uma nova mastectomia.
Com essas sessões de quimioterapia, meu cabelo caiu, foi a pior coisa para mim. Mas o apoio e acolhimento que recebi da minha família foi muito importante. O carinho que recebi me fez vencer. E hoje posso disse que, graças a Deus, eu venci e estou curada. Sou uma nova mulher, mais guerreira e feliz com a vida.
Maria da Conceição, 63 anos.
Descobri o câncer no final de 2010, tinha feito um check-up médico sete meses antes. Foi um susto. Ninguém espera receber uma notícia dessa, ninguém está preparado para o que vem acompanhando todo esse diagnóstico. No meu caso, uma quadrantectomia, procedimento cirúrgico para retirar apenas a parte onde o tumor está localizado. Também passei pelo esvaziamento axilar e um ano de quimioterapia, radioterapia e fisioterapia para a prevenção de linfedema.
O apoio dos meus filhos, Francisco, Marcelo e Clarissa, foram indispensáveis. Minha mãe, Lala, assim como os demais familiares e amigos, indispensável, um consolo. Me sentia abraçada e cuidada todo o tempo. Porém, a minha fé foi determinante. Era chegada a hora de crer no invisível, no milagre da cura, pedindo para quem pode mudar qualquer quadro, qualquer situação, seja ela qual for, nosso Senhor Jesus Cristo.
Hoje eu digo, vamos morrer porque estamos vivos, não por ter câncer. Deus é soberano, cuida de mim e de você. Creia!
Elisabete Barbalho, 67 anos.
Eu descobri o câncer fazendo a mamografia, em 2006. Todo o processo foi desesperador e muito difícil, chorei muito, foram noites e noites acordada esperando o dia da cirurgia. Passei pela quadrantectomia, procedimento cirúrgico para retirar apenas a parte onde o tumor está localizado, seis sessões de quimioterapia e 28 de radioterapia.
Minha família e amigos foram indispensáveis em todo o processo, como são até hoje. Eu sentia enjoos, me sentia fraca, mas nada me derrubou, procurava fazer o possível dentro de casa, para me sentir viva. Mas o que realmente me levantou foi estar no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) e fazer parte do Espaço Renascer, onde estou até hoje. Lá eu aprendi a viver de verdade.
No Renascer, aprendi a enfrentar as coisas com mais naturalidade, com apoio dos psicólogos, assistentes sociais, atividades físicas. Tudo isso colocava minha autoestima lá para cima. Fiz novas amizades, pessoas que sabiam o que era passar pela doença. Hoje só penso na vida, me divertir, brincar, aproveita a segunda chance que Deus me deu.
Como voluntária da Rede Feminina, quero levar esse sentimento para os que ainda estão passando pelo tratamento. Mostrar que como eu, eles também podem passar por tudo isso, ser um exemplo de superação, basta acreditar em Deus e seguir tudo que o médico falar.
Tatiane Soares, 44 anos.
Descobri o câncer de mama em 2017, através do autoexame, tomando banho. Senti um caroço diferente na mama direita, era duro, do tamanho de uma azeitona. Gelei, meu coração acelerou e achei que ia sair pela boca. Chamei pelo nome do meu Senhor Jesus e pedi para ele segurar a minha mão. Estava com medo, muito nervosa.
Ainda não tinha contado para ninguém, passei dois dias para procurar um médico e fazer a ultrassom. O resultado foi mais preocupante ainda, não era só do lado direito, a mama esquerda também apresentava um nódulo. Procurei o mastologista no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), fiz todos os exames e recebi a confirmação do diagnóstico, um carcinoma ductal invasivo maligno.
Nossa, como foi difícil, vi meu mundo desabando sobre minha cabeça. Respirei fundo, pensei em meus filhos e como iria falar tudo para eles. Não sabia eu que eles seriam a força, assim como meu marido, amigos e familiares. Me apeguei a Deus, pedi força e discernimento, eu sabia que a luta seria árdua. Fiz a quadrantectomia na mama, a cirurgia que tira apenas a parte acometida pelo câncer, 16 sessões de quimioterapia, 30 sessões de radioterapia.
Em 2020 e 2022, passei pelo susto da doença ter voltado em outros órgãos, mas Deus continuou generoso e não passou de uma suspeita. Agradeço a Deus e a todos que cuidaram de mim, sou eternamente grata ao HCP que me acolheu de uma forma inexplicável, ali construí mais uma família, que sempre me deu força e apoio nos momentos que preciso.
Janine Guerra, 52 anos.
Aos 27 anos recebi o diagnóstico de câncer de mama. Pensei que era o fim, parecia uma bomba nuclear, mas com a fé em Deus e o amor da minha família, reagi.
O médico disse que tínhamos que correr contra o tempo, então fiz todos os exames o mais rápido possível. O resultado, um câncer ductal agressivo maligno, com mais de 21 nódulos. Retirei a mama direita, fiz 40 sessões de quimioterapia e 30 sessões de radioterapia. Tudo muito difícil, mas tive apoio da minha família, muita oração dos meus irmãos da igreja, sem falar do importante trabalho da equipe médica, da ajuda dos funcionários, voluntários e do Espaço Renascer do HCP.
Quatro anos depois, mais um diagnóstico difícil, agora na mama esquerda, com 18 nódulos malignos. Precisei passar por tudo mais uma vez. Fiquei careca mais uma vez, mas sempre dizia que quem é bonita de cabelo, não fica feia sem.
Em meio as muitas lutas e dores, hoje sou paciente curada e voluntária com muito orgulho. Sou um milagre nas mãos de Deus. Sou casada, tenho um filho.