A aparência tecnológica e a variedade de sabores fizeram com que os cigarros eletrônicos e os narguilés ganhassem espaço entre os jovens. Porém, os dispositivos expõem o usuário, de forma igual ou superior ao cigarro convencional, ao tabaco, substâncias cancerígenas e citotóxicas (potencialmente causadoras de doenças pulmonares e cardiovasculares). Para fazer esse alerta, o Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) inicia neste Junho Branco, mês em atenção ao câncer de pulmão, a divulgação de uma série de conteúdos informativos sobre essas e outras forma de exposição ao tabagismo. Os materiais serão disponibilizados nas redes sociais (@sigahcp) e site hcp.org.br.
“O cigarro eletrônico traz riscos tal como o convencional. A diferença é de como a nicotina é inalada, uma vez que em cigarros comuns essa disponibilização de nicotina e várias outras substâncias cancerígenas é dada pela incineração, enquanto que nos cigarros eletrônicos acontece uma vaporização. Isso faz com que haja uma concentração maior de nicotina no cigarro eletrônico, se comparado ao cigarro convencional. Os riscos de câncer de boca, pulmão, laringe, enfisema pulmonar, doenças pulmonares intersticiais não só persistem como podem ser até maiores”, explica o coordenador do departamento de cirurgia torácica do Hospital de Câncer de Pernambuco, dr. Bernardo Nicola.
A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar foram proibidas no país pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em 2009. Mesmo assim, os equipamentos são moda entre os jovens e aos que utilizam o dispositivo na intenção de parar o cigarro convencional. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o vapor emitido pelos aparelhos pode causar ou aumentar as chances de infecções pulmonares (como enfisema pulmonar). O INCA reforça que os dispositivos não são seguros, podendo também causar dermatite, doenças cardiovasculares e até mesmo câncer.
Por sua vez, o narguilé possui alta concentração de nicotina e monóxido de carbono, além de mais de 40 substâncias tóxicas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o INCA apontam que fumar narguilé em média de 20 a 80 minutos, equivale à fumaça de 100 cigarros. A OMS indica o tabagismo, seja via cigarros convencionais ou eletrônicos, como responsável pela morte de cerca de sete milhões de pessoas por ano no mundo – e a maior causa evitável de morte.
“Não há motivo algum, fora a dependência química pela nicotina, para se continuar um hábito relacionado a tantos males e causador de grande mortalidade da população geral. Basta ter iniciado para saber que já é hora de parar. A ajuda de profissionais especializados pode ser fundamental”, finaliza dr. Nicola.