Pernambuco é o sétimo estado mais populoso do Brasil, com 9.674.793 habitantes, o que corresponde a aproximadamente 4,6% da população brasileira, distribuídos em 185 municípios. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais de 22.500 pessoas foram diagnosticadas com câncer em 2020 – número de incidência por 100 mil habitantes – sendo a maioria (11.590) homens. Na capital Recife, mais de 4.500 pessoas receberam o diagnóstico. Nesse sentido o Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), instituição responsável por 51% dos pacientes oncológicos do estado, firmando-se como o 5º maior Hospital do Brasil em número de cirurgias de câncer, aproveita o Dia Mundial de Combate ao Câncer, nesta sexta-feira (4), para alertar sobre os principais fatores de risco para a doença.
Para o Brasil, a estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 aponta que ocorrerão 625 mil casos novos de câncer (450 mil, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma). O câncer de pele não melanoma será o mais incidente (177 mil), seguido pelos cânceres de mama e próstata (66 mil cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil). Os tipos de câncer mais frequentes em homens, à exceção do câncer de pele não melanoma, serão próstata (29,2%), cólon e reto (9,1%), pulmão (7,9%), estômago (5,9%) e cavidade oral (5,0%). Nas mulheres, exceto o câncer de pele não melanoma, os cânceres de mama (29,7%), cólon e reto (9,2%), colo do útero (7,5%), pulmão (5,6%) e tireoide (5,4%) figurarão entre os principais.
As causas para o surgimento do câncer podem ser as mais variadas possíveis, desde motivos externos – como o ambiente, costume ou hábitos que o indivíduo possui – até fatores internos, como características geneticamente predeterminadas. A qualidade de vida está diretamente ligada ao surgimento do câncer. Hábitos e comportamentos diários são responsáveis por mais de 90% dos casos da doença no mundo, segundo a Union for InternationalCancerControl (UICC) – União Internacional para o controle do Câncer. Ou seja, os outros 5-10% estão relacionados a fatores genéticos. Dessa forma entende-se que, em geral, até metade dos cânceres poderiam ser evitados por meio de mudanças comportamentais e outras medidas preventivas. “A tríade saúde mental, alimentação balanceada e não fumar são pilares indispensáveis para a prevenção do câncer”, destaca a nutricionista especialista em nutrição oncológica do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), Andréa Barros.
O tabagismo, por exemplo, além de estar relacionado com mais de 50 tipos de doenças, também é o principal fator de risco para vários tipos de cânceres. “Fumar é considerado a maior causa evitável de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo, além de causar vários tipos de câncer como câncer de pulmão, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, leucemia, mama, entre outros”, destaca o coordenador do Serviço de Cirurgia Torácica do HCP, dr. Bernardo Nicola
Excesso de peso corporal e alimentação não saudável (ou seja, pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras, além da ingestão excessiva de carnes vermelhas e processadas – salsicha, mortadela, linguiça, entre outros), estão entre os principais fatores de risco para o câncer colorretal (intestino, cólon e reto). “Uma boa alimentação pode ajudar não só à manutenção de um corpo saudável, mas evitar várias doenças. Priorize a ingestão de frutas, proteínas e tenha atenção na qualidade higiênico sanitária do que você consome”, destaca a nutricionista especialista em nutrição oncológica do HCP, Andréa Barros.
A nutrição merece atenção redobrada no nosso dia a dia. Alimentar-se bem e manter-se nutrido, lembrando sempre da ingestão de água, não é apenas uma necessidade física, mas é também de alegria, bem-estar e saúde. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), um em cada três casos de câncer poderia ser evitado com a adoção de dieta saudável, controle de peso e prática de atividade física. Além disso, a má alimentação é o segundo maior agente causador da doença no país, como a gastrite, obesidade, diabetes e colesterol alto. Para que tenhamos saúde, é necessário um equilíbrio entre a prática de atividade física e uma alimentação adequada.
“Lembrando que essas atitudes precisam ser associadas à prática de atividades físicas regulares, além de não fumar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas em excesso e, também, cuidar da saúde mental. Pesquisas apontam algumas evidências de que o estresse físico ou psicológico esteja relacionado à maior evolução do câncer e que possa estar ligado a um aumento no número de casos da doença”, ressalta Andréa Barros. Ainda segundo o INCA, dentro da relação entre fatores ambientais e ocorrência de câncer, 30 % tem relação direta com o tabaco e 35% com a alimentação.
O câncer do colo do útero, um dos principais tipos de tumores que acometem as mulheres, também acontece por causas externas, ou seja, a infecção persistente por alguns tipos do Papiloma Vírus Humano (HPV), transmitidos no ato sexual desprotegido, sem preservativo. “A vacina contra o HPV é o método mais eficaz de evitar o aparecimento do câncer de colo de útero, uma vez que ela previne a infecção. Provavelmente, isso irá mudar a história natural da doença nas próximas gerações”, explica o médico. A vacina é oferecida para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos e protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Em geral, a doença é mais comum em mulheres que iniciaram a vida sexual cedo e que tiveram múltiplos parceiros. O tabagismo também é um fator de risco. A segunda forma de evitar o surgimento do câncer é o exame preventivo – chamado de citologia ou, mais comumente, de Papanicolau. Através do exame, é possível diagnosticar e tratar lesões pré-malignas em mulheres infectadas pelo HPV, evitando que elas evoluam para um tumor maligno. Apesar de ser evitável, a doença ocupa o terceiro lugar na lista dos tumores malignos mais comuns entre as mulheres brasileiras, além de ser a quarta maior causa de morte no sexo feminino por câncer, no país.