Concluir o ensino médio é uma importante conquista na vida, pois significa o encerramento de um ciclo e o começo de outro. Quando se fala em adolescentes com câncer, o tratamento contra a doença tem um forte impacto na vida escolar, o que faz com que muitos estudantes, infelizmente, tenham seus planos e sonhos interrompidos, ainda que temporariamente.
Isso quase aconteceu com Mayara Maria da Silva, jovem de 17 anos que é paciente do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). Em 2020, quando estava no 2º ano do ensino médio, ela descobriu um linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer que tem origem no sistema linfático e que é um dos mais comuns dentre os que englobam o câncer infanto-juvenil. “O linfoma ocorre quando uma célula normal do sistema linfático se transforma, cresce sem parar e se dissemina pelo organismo. A célula afetada, o comportamento e a agressividade desses linfomas os classificam como Linfoma de Hodgkin e não Hodgkin”, explica a coordenadora do Serviço de Hematologia do HCP, Danielle Padilha.
A rotina de medicações, exames e consultas frequentes começou logo em seguida da descoberta da doença. “Logo no início foi muito difícil aceitar aquele diagnóstico com a idade que tenho. Muitas pessoas olhavam para mim com dó, e tudo isso me fez pensar várias besteiras”, lembra Mayara. Foram seis meses de quimioterapia que, naturalmente, a impediu de acompanhar as aulas. Além de ter enfrentado um tratamento sério, Mayara se viu com ainda mais dificuldades de prosseguir com seus estudos em razão da pandemia, que afeta inclusive, meninos e meninas alunos de escolas públicas com pouco – ou nenhum – recurso para estudar em casa.
“Acho que uma das coisas mais difíceis depois de tudo isso foi alguns professores não terem acreditado na gravidade da doença de Mayara. Queriam reprova-la sem que ela fizesse as provas de final de ano”, conta a mãe da adolescente, Mauricéa Maria da Silva, que acompanha a filha em todos os momentos.
Felizmente, as adversidades não venceram e Mayara poderá realizar as provas como todos os outros alunos. Os sonhos continuam firmes e fortes. Ela espera fazer o próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para obter nota em seu tão almejado curso de direito. “Esse ano não fiz o Enem porque não me preparei. Ano que vem terei essa chance”, diz Mayara.
Mayara terminou o tratamento oncológico em fevereiro de 2021. Todo o acompanhamento foi feito no HCP, o qual ela agradece pelo atendimento recebido. “Atualmente faço apenas as consultas de rotina. Apesar dos momentos difíceis da doença, gostei muito do atendimento de toda a equipe”, concluiu.