O mês de abril é, também, mês de falar sobre o câncer de testículo, tipo de tumor maligno mais comum em homens com idade entre 15 e 35 anos. Embora preocupe por acometer jovens no período de maior atividade produtiva e reprodutiva, a doença possui alta possibilidade de cura, desde que descoberta na fase inicial. Por isso, o Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) alerta para a importância do diagnóstico precoce, que aumenta as chances de cura em até 95%. “Precisamos falar sobre o câncer de testículo. A informação é a chave para o diagnóstico precoce, que leva à cura”, pontua o urologista do HCP, dr. Luiz Henrique.
Pouco se sabe sobre os motivos que levam ao aparecimento do tumor, que surge a partir de mutações genéticas das células do testículo, órgão de produção dos espermatozoides e da testosterona. Em razão disso, não há formas diretas de prevenção. Sabe-se, porém, que alguns fatores, como criptorquidia – condição em que o testículo do embrião se desenvolve fora da bolsa escrotal – e uso de maconha aumentam o risco da doença. “Crianças que nascem com essa condição devem ser acompanhadas por um urologista pediátrico, que irá avaliar a melhor solução, seja cirúrgica ou clínica”, diz o médico.
A recomendação a todos os homens – seja ou não grupo de risco – é estar atento aos sinais, que são mais facilmente reconhecidos por meio do autoexame do testículo. Como explica dr. Luiz, “É necessário que todo homem realize o autoexame para identificar nodulações e irregularidades, que podem ser indício de câncer mesmo sem apresentar dor”. Além disso, é preciso estar atento a sintomas como aumento ou diminuição do tamanho do testículo, endurecimento e dor. “Ao identificar algum sinal, o homem deve procurar um urologista o mais rápido possível”, orienta o médico, “Quanto mais cedo o câncer de testículo for descoberto, maiores são as chances de cura”, conclui.
Foi o que fez o estudante Hugo Serpa, que, após sentir fortes dores que não cessavam na região do testículo, procurou ajuda médica e recebeu o diagnóstico da doença, em 2017, quando tinha 20 anos. No primeiro momento, o susto causado pelo desconhecimento: “Esse tipo de câncer nunca passou pela minha cabeça. Nunca tive entendimento sobre o assunto. No começo, duvidei de mim mesmo dizendo que isso não existia”, lembra. “Depois do choque, com ajuda da minha noiva e da minha família, fui buscando entender até ficar bem e solucionar o problema. Tive uma conversa com meu urologista, dr. Luiz Henrique, e ele me ajudou bastante a esclarecer as coisas”, diz o paciente, que precisou ter sua rotina de estudos e trabalho interrompida no início do tratamento, composto por orquiectomia (retirada do testículo) e sessões de quimioterapia.
Já curado, o estudante Hugo Serpa vai ao HCP apenas para consultas rotineiras
Consequências emocionais são comuns aos que recebem o diagnóstico de câncer de testículo. Como explica dr. Luiz, “É um tipo de tumor que afeta a masculinidade do paciente jovem e, muitas vezes, leva a problemas de ansiedade. Por isso, no HCP, esse paciente recebe tratamento integral, sendo acompanhado pela equipe de Psicologia”. A perda da capacidade de reprodução sexual também pode ser uma das consequências deixada pela doença, mas, de modo geral, a maioria dos homens acometidos pelo câncer são curados sem sequelas de infertilidade. “É um tumor raro e com grande potencial para cura”, explica o urologista.
Já curado, o paciente Hugo, por exemplo, está de volta às suas atividades rotineiras. Depois de passar por um longo processo, ele deixa um recado aos homens: “Antes, eu achava que ir ao médico uma vez perdida era suficiente. Hoje, sei que temos que nos cuidar com frequência. Eu aconselho procurar um especialista o quanto antes, pois achamos que nunca vai acontecer conosco”, diz. O urologista dr. Luiz Henrique também pontua a necessidade de acompanhamento: “Todo indivíduo do sexo masculino, independente da idade, deve ser acompanhado por um urologista, que irá avaliar a saúde do homem no geral. Além disso, é importante manter hábitos saudáveis, como se alimentar bem e praticar exercícios físicos”, afirma.