Exercendo a principal função de migrar as células de defesa para os tecidos do organismo, as quimiocinas são famílias de citocinas que podem se apresentar tanto de forma benéfica no sistema imunológico do indivíduo – sendo uma das responsáveis por manter a homeostase (equilíbrio do organismo) – quanto de forma maligna – podendo favorecer o desenvolvimento tumoral e a disseminação de células malignas para formação de metástase em outros órgãos. Avaliar o nível dessas quimiocinas em pacientes oncológicos diagnosticados com tumores gástrico e colorretal foi o objetivo da dissertação de Edla Cabral, nutricionista do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). Os resultados da pesquisa, realizada dentro do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da instituição em parceria com o A.C. Camargo Cancer Center, foram defendidos em abril e conferiram à nutricionista o título de mestra em oncologia.
O câncer colorretal e o câncer gástrico, tumores escolhidos para análise, representam os dois dos tipos de neoplasias mais prevalentes no mundo, ocupando respectivamente, o terceiro e o quinto lugar entre os tumores mais frequentes. Para o Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), foram estimados 17.380 casos novos de câncer de cólon e reto em homens e 18.980 em mulheres para o biênio 2018-2019. Para este mesmo período, estimam-se 13.540 casos novos de câncer gástrico entre homens e 7.750 nas mulheres. Além disso, na região Nordeste, o câncer colorretal ocupa o quarto mais frequente em homens e terceiro mais frequente em mulheres. Enquanto o câncer gástrico ocupa a segunda e sexta posição, respectivamente.
Estudar os perfis de quimiocinas de pacientes idosos com estes tumores, portanto, foi a finalidade da pesquisa. Para isso, foram escolhidas quatro tipos de quimiocinas, MCP-1, RANTES, IL8 e IP-10, cujos níveis foram avaliados em 35 pacientes idosos com câncer gástrico e 34 com câncer colorretal. Para possibilitar a comparação, participaram da pesquisa, também, 20 idosos sem o diagnóstico de câncer. “Estudamos se os níveis dessas quimiocinas se mostravam alterados nessa população do estudo. Então, observamos que algumas dessas quimiocinas estavam alteradas em pacientes idosos com câncer”, explicou a nutricionista.
Os resultados do estudo sugerem que as quimiocinas MPC-1 e IL8 se mostram alteradas em pacientes oncológicos, bem como estão associadas à progressão da doença, o que significa dizer que pacientes com tumores mais avançados possuem maiores alterações. “Na metástase, as quimiocinas tinham níveis elevados, o que revela que esses níveis elevados possuem um fator prognóstico ruim para os pacientes”, pontuou Edla, cuja pesquisa contribuiu para a consolidação do HCP como referência no campo do Ensino e da Pesquisa.
*Edla Karina Cabral de Oliveira é nutricionista do HCP, especialista em nutrição oncológica pela Sociedade Brasileira de Nutrição Oncológica (SBNO) e mestra em oncologia pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu do HCP em parceria com o A.C. Camargo Cancer Center.