Há diferença entre a expressão de proteínas em células do sistema imunológico de pacientes com câncer de pênis e de pessoas sem a doença. Esse foi o resultado da tese de Doutorado do oncologista clínico Felipe Marinho, defendida na última segunda (13) através do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Oncologia do Hospital de Câncer de Pernambuco, realizado em parceria com o A.C. Camargo Cancer Center.
A descoberta foi feita por meio de um estudo realizado entre março de 2015 e dezembro de 2017 com 38 pacientes da instituição diagnosticados com câncer de pênis. “Ao aceitarem participar da pesquisa, os pacientes dispuseram parte do material do tumor retirado e foi feita uma coleta de sangue com eles. Também convidamos 15 pessoas que não estavam doentes para fazermos a comparação”, explicou o oncologista, “Dessa forma, todo o material foi analisado e fizemos nossas conclusões”, disse.
A pesquisa também analisou, correlacionando o tamanho do tumor e a presença de invasão perineural – conhecidos fatores prognósticos –, à expressão das células do sangue de pessoas com tumores de pênis mais agressivos em comparação aos pacientes com tumores menos agressivos. “As alterações estavam mais expressas nas proteínas das células do sistema imunológico em tumores maiores e com a invasão perineural, que traz um prognóstico pior”, pontuou dr. Felipe Marinho.
O câncer de pênis está associado a fatores como a higiene íntima do homem, estreitamento do prepúcio, infecção pelo vírus HPV e a doenças como fimose, atingindo principalmente homens com idade a partir dos 50 anos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tumor é raro, representando 2% dos tipos de câncer que atingem o sexo masculino. Apesar disso, a doença apresenta grande incidência nas regiões Norte e Nordeste do país.
De acordo com os dados do Núcleo de Registro Hospitalar de Câncer do HCP, no ano de 2016, foram diagnosticados 33 novos casos na instituição, que é referência em tratamento oncológico no Estado de Pernambuco. “É uma doença que é muito mais incidente na nossa região, e, mesmo assim, é extremamente negligenciada. Na grande maioria das vezes, quando a gente compara com outros cânceres, é uma doença que não tem tantas publicações, o que traz uma grande importância para a pesquisa”, destacou o médico.
*Felipe da Silva Marinho é Oncologista Clínico e Preceptor da residência médica do serviço de oncologia clínica do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) e do Instituto de Medicina Integrada de Pernambuco (IMIP). Atua também como Oncologista Clínico do Grupo Oncoclínicas e é doutor em oncologia pelo Hospital de Câncer de Pernambuco.