Um teste antidoping de rotina realizado pelo jogador de futebol Ederson, do Flamengo, revelou algo inesperado: um câncer de testículo. A doença, que representa apenas 5% do total de casos de câncer entre homens, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), surge de modo lento e, na maioria das vezes, indolor. Por isso, estar atento aos sintomas pode garantir o diagnóstico precoce e aumentar as chances de cura.
O aumento gradativo e indolor do testículo é o principal sinal da doença. “Esse aumento também vem acompanhado de uma sensação de peso e do endurecimento do órgão. Na existência de uma dessas situações, ou do surgimento de nódulos, é importantíssimo que o paciente procure um urologista o mais rápido possível”, explica o coordenador do Serviço de Urologia do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), dr. Rômulo Vasconcelos.
A idade do surgimento desses sintomas também pode ser um indicativo da doença. Isso porque, diferentemente de outros tipos de tumores urológicos, como os que atingem a próstata e a bexiga, que ocorrem com mais frequência a partir dos 50 anos, o câncer de testículo é mais comum entre adolescentes e homens no fim da fase adulta. A maior incidência ocorre em homens com idade entre 15 e 50 anos, com pico por volta dos 30 anos. “Isso faz com que tenhamos uma atenção maior para homens nessa faixa etária”, reforça o médico.
Embora não existam formas de se evitar o câncer de testículo, algumas condições estão associadas ao surgimento da doença. É o caso da criptorquidia, quando o órgão não completa seu deslocamento para a bolsa escrotal durante a fase de formação da criança, e de exposição a substâncias radioativas e tratamentos quimioterápicos. “É por isso que o diagnóstico precoce é essencial. A chance de cura, nesses casos, é maior que de 90%. De modo geral, é um câncer de bom prognóstico”, afirma o urologista.
De acordo com dr. Rômulo, o diagnóstico do câncer de testículo é feito de forma simples. Quando existe a desconfiança, o médico solicita um exame de imagem e a dosagem de algumas substâncias – entre elas, o HCG, cujo valor alterado chamou a atenção dos médicos do meia Ederson. “O HCG é um dos marcadores do câncer de testículo. Com o resultado desses exames, o médico consegue chegar na condição de indicar a pesquisa do câncer, seja com a biópsia testicular transoperatória ou com a orquiectomia, que é a retirada do testículo”, comenta.
O procedimento cirúrgico é indispensável para definir se o tumor é maligno e, em caso positivo, qual o melhor tratamento para o paciente. “Em cerca de 90% dos casos, a cirurgia é a única intervenção necessária”, ressalta o urologista. Em situações mais graves podem ser necessários tratamentos adicionais, como a quimioterapia, a radioterapia ou cirurgias complementares.
O médico enfatiza, ainda, que o câncer de testículo não está relacionado a situações como impotência, infertilidade, disfunção erétil por questão hormonal, alteração da libido e incontinência urinária. “Desde que o paciente cuide da saúde dele, ele não terá problemas, porque um único testículo saudável consegue suprir todas as necessidades hormonais”, frisa.