O brasileiro ainda não se conscientizou da importância da proteção solar na prevenção do câncer de pele e envelhecimento precoce. Além de 53% da população não usar filtro solar diariamente, 69% das pessoas ouvidas em uma pesquisa realizada em Campinas, Porto Alegre, Recife e São Paulo afirmaram que não reaplicam o produto ao longo do dia. A falta de informação é tão grande que 71% ignora a proteção UVA (radiação solar que atravessa vidros e janelas e penetra profundamente na pele) ao comprar o protetor. Além disso, o estudo conduzido pelo farmacêutico Lucas Portilho, que é também presidente do Ipupo Consultoria em Desenvolvimento Cosmético, revelou que 53% das pessoas só fazem a aplicação do produto no rosto sem se preocupar com as demais partes do corpo que ficam expostas ao sol.
O câncer da pele é o mais comum de todos os tipos de tumores. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que em 2016 haverá cerca de 175 mil novos casos de câncer da pele não melanoma no Brasil. Além disso, o uso do filtro solar é uma ferramenta importante na prevenção do fotoenvelhecimento e seu uso correto e consciente protege a pele de rugas, manchas e flacidez. A radiação ultravioleta (UV) é a principal responsável pelo envelhecimento precoce da pele.
A pesquisa foi conduzida entre entre janeiro e outubro de 2015 e ouviu 1278 pessoas, de ambos os sexos, entre 19 a 65 anos e, de acordo com Portilho, o objetivo “foi coletar dados e alertar a população e a comunidade científica da necessidade de se melhorar os canais de informação da população em relação ao uso correto e escolha adequada dos fotoprotetores em função do tipo de pele”. Outros dados revelados no levantamento mostram a importância de ações de conscientização sobre a fotoproteção: apenas 13% dos entrevistados recorrem ao dermatologista para indicação do melhor filtro a ser utilizado, 74% brasileiros não aplicam fotoprotetor em dias nublados e apenas 10% utilizam roupas para se proteger do sol.
Radiação UVA e UVB
A pesquisa revelou que 71% dos entrevistados ignoram os dados de proteção anti-UVA constantes na rotulagem dos produtos solares ou por não saber ou por acreditar que a proteção UVB é a mais importante. Além disso, 26% alegam não saber a diferença entre os dois tipos de radiação. Apenas 6% dos entrevistados compram o fotoprotetor baseado na proteção UVA, mesmo levando em conta que a maior parte da radiação absorvida no nosso dia-a-dia seja a UVA ao invés da UVB. Em rótulos de fotoprotetores, o PPD é a sigla que indica o quanto um determinado produto protege contra a radiação UVA. Já a sigla FPS, indica o quanto o filtro solar protege contra a radiação UVB.
A radiação UVA (Ultra Violeta A) está presente na natureza em níveis muito maiores e mais expressivos doque a radiação UVB e, embora menos energética, é uma das mais perigosas. Diferentemente da UVB, a radiação UVA atravessa vidros e janelas e penetra profundamente na pele, chegando até a derme, camada mais profunda da pele onde se localizam as fibras de colágeno e elastina, gerando uma quantidade altíssima de radicais livres. Os radicais livres gerados por esta radiação causam aumento da degradação das fibras de colágeno e elastina que dão sustentação à pele, sendo a principal responsável pelo fotoenvelhecimento, incluindo rugas, linhas de expressão, flacidez e manchas.
Mesmo assim, 53% da população brasileira se expõe ao sol pela manhã por acreditar ser o horário mais seguro e por desconhecer que a radiação UVA está presente o ano todo, inclusive no inverno, e em níveis muitas vezes intoleráveis em todos os horários do dia (entre 9h e 17h).
A radiação UVB (Ultra Violeta B) é mais energética e, embora não atravesse vidros e nem janelas, exerce seu poder destrutivo por impacto direto sobre a pele – como no caso das queimaduras solares. Sendo assim, apesar de não penetrar profundamente, a radiação UVB também pode lesar o DNA e causar fotoenvelhecimento e câncer de pele. A incidência da radiação UVB é maior no verão do que no inverno e também nos horários próximos às 12h, entre 11h e 14h.
Fonte: Saúde Plena