Segundo os especialistas, a melhor maneira de se cuidar é com prevenção e boas escolhas. A Medicina Científica também deve auxiliar na detecção precoce.
Esta quarta-feira, 4 de fevereiro, é lembrada, em todo o mundo, como o Dia Mundial do Câncer. Mais de 12 milhões de pessoas são diagnosticadas todos os anos com a doença e cerca de oito milhões morrem. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima
580 mil casos novos da doença para 2015.
Se medidas efetivas não forem tomadas, haverá 26 milhões de casos novos e 17 milhões de mortes por ano no mundo em 2030, sendo que 2/3 das vítimas vivem nos países em desenvolvimento. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que, em 2030, 22 milhões de pessoas, entre homens, mulheres e crianças, serão diagnosticadas com câncer por ano e 13 milhões morrerão da doença.
Somente no Hospital de Câncer de Pernambuco são realizados 1200 procedimentos diários, entre consultas, cirurgias, quimioterapias e radioterapias. Um número que impressiona e que cresce ano após ano. Mama e próstata são os que ainda mais preocupam, além da alta incidência do câncer de pele não melanoma, que ocorre em cerca de 90% dos casos de câncer de pele e está relacionado a feridas que não cicatrizam, localizando-se em regiões do corpo expostas à radiação solar. No HCP, em 2014, foram realizadas quase 19 mil consultas em Mastologia, quase 14 mil consultas Ginecológicas e 23 mil consultas na Oncologia Clínica. Ao todo, 7,7 mil cirurgias oncológicas.
Escolhas saudáveis
Reduzir os fatores de risco para o câncer e ajudar as pessoas a optar por escolhas saudáveis é fundamental para reduzir as mortes. Cerca de um terço dos cânceres mais comuns podem ser evitados por meio de comportamentos saudáveis, como não fumar, reduzir o consumo de álcool, adotar alimentação rica em frutas, legumes, verduras e grãos e praticar atividades físicas regularmente.
A tarefa é árdua e envolve a sociedade, o poder público e também a academia científica. Ações efetivas de conscientização e atendimento de qualidade em hospitais públicos e privados são fundamentais. Para se ter uma ideia, o tabagismo responde sozinho por, pelo menos, 22% de todas as mortes por câncer, e o álcool está fortemente associado ao risco aumentado de câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, intestino, fígado e mama. A proteção contra a radiação ultravioleta (UV), por exemplo, deve ser um procedimento rotineiro para se evitar o câncer de pele. O protetor solar, mais que produto estético, deve ser barateado e fornecido pelo Governo para que os índices comecem a declinar.
Oncologia Molecular
O câncer é considerado pela OMS uma epidemia global, porém, diferentemente das infecções, é muito mais complexo devido à multicausalidade e à diversidade de fatores de risco envolvidos, desde agentes infecciosos, até fatores ambientais como radiação solar, radiações ionizantes (raios-X, mamografias, etc.), sem falar em fatores genéticos que contribuem com aproximadamente 10% dos casos. Em busca de respostas mais eficazes a essas particularidades multifatoriais do câncer, a Medicina Científica vem trabalhando, nos países mais desenvolvidos, a detecção precoce através da Oncologia Molecular. No Brasil, alguns locais começam a engatinhar com pesquisas na área, a exemplo do Inca e do A.C. Camargo. O diferencial é que, com a pesquisa molecular, as possibilidades de diagnóstico molecular e diagnóstico de mutações são realizadas em cada microambiente, com definições étnicas também diferenciadas. Por exemplo: As pesquisas de São Paulo, são diferentes das realizadas no HCP, visto que não somente o clima, mas as pessoas são geneticamente diferentes. O que antes era pesquisa clínica passa a ser uma terapia bem específica para a detecção do câncer logo no início, aumentando as chances de cura e mudando a maneira que se vê o tratamento oncológico no país.
Dados: HCP, INCA, OMS