Este ano comemora-se 150 anos da primeira laringectomia total no mundo, realizada pelo médico austríaco Dr. Theodore Billroth. Essa cirurgia tornou-se fundamental para salvar vidas de pacientes com câncer na laringe em estágio avançado. A laringectomia consiste na retirada da laringe, órgão onde é produzida a voz.
O Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), referência no tratamento oncológico, destaca-se por acolher o maior número de pacientes com câncer de laringe em Pernambuco – são 180 pessoas, a maioria homens. A instituição realiza cerca de 35 laringectomias por ano, oferecendo uma abordagem multiprofissional para garantir uma reabilitação bem sucedida aos laringectomizados.
A cirurgiã de cabeça e pescoço, Luciana Arcoverde, enfatiza a importância da laringectomia como uma ferramenta de cura para pacientes acometidos pelo câncer de laringe.
“No câncer de laringe, mesmo em casos avançados, a laringectomia total, ainda assim, pode proporcionar a cura aos pacientes, seja a cirurgia associada à radioterapia ou a quimioterapia. Ao ser submetido à laringectomia, o paciente perde a voz e se torna traqueostomizado permanentemente. No entanto, é importante lembrar que o mais importante é a cura do paciente, além de que há possibilidades de reabilitação para que ele possa voltar a falar mesmo sem as cordas vocais”.
O câncer de laringe é um dos cânceres mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e pescoço, representando cerca de 25% dos tumores malignos que acometem essa área. O principal fator de risco para o surgimento da doença é o tabagismo.
Primeira laringectomia no HCP
Sr. Francisco Amorim, hoje com 86 anos, foi o primeiro paciente a ser submetido à laringectomia total, no HCP, em 1987. Ele foi operado pelo cirurgião de cabeça e pescoço Leonardo Arcoverde, um dos médicos que compõe a equipe de especialistas na área.
A descoberta do câncer para o paciente Francisco foi uma consequência de anos de tabagismo combinado com bebida alcóolica.
“Fumava e bebia muito, por isso tive a doença. Foi uma lição e tanto, mas com a cirurgia pude voltar à vida normal e hoje estou aqui, passados mais de 30 anos que me operei”, conta o paciente que convive com a voz esofágica, uma técnica de produção de voz a partir do esôfago.
Ele é um dos componentes do Coral Ressoar, grupo formado há 10 anos por cerca de 25 pacientes laringectomizados. O Coral é organizado pelo serviço de fonoaudiologia do HCP e é uma das formas de estimular a comunicação e interação através da música.