Quando analisamos as razões para o surgimento do câncer, com base no que afirmam os especialistas e as organizações de saúde, o fator envelhecimento surge como um risco, principalmente para alguns tipos de câncer, como: câncer de mama, de próstata, de pulmão e de bexiga. Contudo, ao longo dos anos, têm sido cada vez mais comuns os diagnósticos em pessoas com menos de 50 anos.
Um levantamento publicado na revista científica BMJ Oncology aponta essa realidade: a incidência de câncer na população de idade abaixo dos 50 aumentou 79% entre 1990 e 2019. O mesmo estudo também revelou que a mortalidade por câncer nesse grupo também cresceu em 29% no mesmo período, sendo as mortes por câncer de mama ocupando o topo dessa estatística.
A análise, conduzida por pesquisadores da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, não aprofunda o motivo desses diagnósticos em idades tão precoces, mas os cientistas observaram que os maiores índices de crescimento de câncer em pessoas mais jovens estão concentrados nas regiões da América do Norte, Europa Ocidental e Australásia.
Dra. Leuridan Torres, biomédica, pesquisadora científica e coordenadora do Centro de Pesquisa Clínica do HCP, explica que não há uma condição específica que influencie no surgimento de cânceres nessa faixa etária, mas sim, um conjunto de fatores combinados, como hábitos de vida. Entretanto, ela chama atenção para um fator ainda pouco debatido na literatura mundial sobre câncer: o estresse.
“Na sociedade atual, vivemos uma rotina moldada às diversas ocupações e tudo é imediato. Essa urgência diária somada à falta de tempo para se exercitar e de adotar hábitos saudáveis, eleva a um nível de estresse e ansiedade e é muito mais presente na realidade dessas pessoas mais jovens. O estresse junto ao sedentarismo aumenta a pré-disposição para câncer”, pondera.
Citado por Dra. Leuridan Torres, o sedentarismo está entre os principais motivadores não apenas para câncer, mas para diversas outras doenças. E, apesar de parecer que adultos estão realizando mais atividades físicas, os dados mais recentes da OMS assustam. O Brasil ainda é considerado um dos países da América Latina com altas taxas de sedentarismo. Cerca de 47% dos brasileiros são fisicamente inativos ou não praticam exercícios físicos suficientes para manter a saúde em dia.
Tabagismo
Imaginar que o cigarro já foi símbolo de status social parece coisa de outro mundo, mas não é. Até mais ou menos 25, 30 anos atrás, fumar cigarros era aceitável, inclusive tendo sido incentivado constantemente por publicidades e mídias de todo tipo. Demorou para o produto se tornar um “vilão” reconhecido por provocar doenças que matam pessoas ao longo do tempo.
“Hoje entendemos que o cigarro tem tudo a ver com as doenças cardiovasculares e com a predisposição ao câncer, pois substâncias presentes no cigarro prejudicam a saúde de forma gradativa. O cigarro é um dos fatores de risco mais comuns para alguns tipos de câncer”, alerta Leuridan Torres.