Segundo dados do IBRANUTRI (Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar) a prevalência da desnutrição em pacientes internados é de 48,1%, sendo que 12,6% dos pacientes apresentavam desnutrição grave e 35,5%, moderada, com maior prevalência para as regiões Norte e Nordeste. Dentro do contexto da oncologia, cerca de 80% dos pacientes com câncer apresentam desnutrição já no momento do diagnóstico, o que pode ser agravado pelas consequências do tratamento, principalmente nos casos de pacientes diagnosticados por câncer de cabeça e pescoço e trato digestivo. Com o objetivo de elaborar um censo dos pacientes com desnutrição ou em risco nutricional do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), a equipe de nutricionista do HCP iniciou nesta quarta-feira (23) o Dia D da Nutrição, com avaliação dos pacientes internados nas enfermarias.
“A identificação precoce da desnutrição possibilita estabelecer uma conduta nutricional mais apropriada. O grande desafio é evitar a piora do quadro e tentar recuperar o estado nutricional.
Desta forma, o objetivo desta campanha é apresentar a prevalência de desnutrição no HCP, mas principalmente, definir as ações que subsidiará o manejo e tratamento da desnutrição”, explica a coordenadora do serviço de nutrição do HCP, Natália Fernandes.
Resultado do Censo
Foram avaliados 148 pacientes de todas as enfermarias (Santa Faustina, São Lucas Térreo, Hematologia, Pediatra, Emergência Amarela, UTI Adulto, UTI Nossa Senhora, São Camilo, São Lucas 1°, Santa Paulina, Anjo Rafael) e ambulatório, dos quais 66.9% dos pacientes estão em condições de risco nutricional, pelos sintomas da doença ou efeitos do tratamento. A desnutrição avaliada apenas pelo Índice de Massa Corporal (IMC) foi mais prevalente na Enfermaria São Lucas 1°/cuidados paliativos (71.4%), são Lucas térreo/oncologia clinica (45.5%), UTI Nossa Senhora (42,8%) e Anjo Rafael/pediatra (40%).
O papel do nutricionista na oncologia
Em um cenário onde o câncer é uma das principais preocupações em saúde global, profissionais da área médica vêm desempenhando papéis cruciais no cuidado integrado ao paciente. Entre esses profissionais, os nutricionistas têm se destacado por seu papel fundamental na oncologia, contribuindo para uma abordagem mais completa e eficaz no tratamento e na qualidade de vida dos pacientes diagnosticados com essa doença.
O câncer é uma doença multifacetada que afeta não apenas o sistema imunológico e as células, mas também todo o organismo, incluindo o metabolismo e a nutrição. Pacientes em tratamento oncológico frequentemente enfrentam desafios nutricionais, como perda de peso, desnutrição e efeitos colaterais que afetam o apetite e a absorção de nutrientes. É aqui que o papel do nutricionista se torna crucial.
Os nutricionistas especializados em oncologia desempenham várias funções vitais ao longo do processo de tratamento. Primeiramente, eles avaliam as necessidades nutricionais individuais de cada paciente, levando em consideração fatores como tipo de câncer, estágio da doença, tratamentos a serem realizados e condições de saúde pré-existentes. Com base nessa avaliação, eles desenvolvem planos alimentares personalizados, que auxiliam no combate aos efeitos adversos do tratamento, mantêm a massa muscular e promovem a recuperação.
Durante o tratamento, os efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, diarreia e mucosite (inflamação da mucosa da boca e garganta), podem impactar significativamente a ingestão alimentar dos pacientes. Nesse momento, os nutricionistas entram em ação, fazendo ajustes nos planos alimentares para acomodar as necessidades específicas de cada indivíduo. Eles também fornecem orientações sobre a preparação de alimentos de fácil digestão e oferecem estratégias para evitar a desnutrição.
Além disso, os nutricionistas têm um papel vital na educação dos pacientes e seus familiares. Eles explicam a importância da nutrição adequada durante o tratamento oncológico, destacando como uma dieta balanceada pode fortalecer o sistema imunológico, melhorar a energia e a resistência, e contribuir para a recuperação. Essa orientação também se estende ao período pós-tratamento, onde a nutrição desempenha um papel na prevenção da recorrência e na manutenção de uma vida saudável.