Após longo período de afastamento devido a pandemia, o Coral Ressoar, idealizado pelo Serviço de Fonoaudiologia do HCP, retomou aos tradicionais ensaios com os pacientes em reabilitação no ambulatório de Cabeça e Pescoço. O retorno marca um momento importante para o coral, que agora conta com um novo músico.
O coral é formado principalmente por pacientes submetidos à laringectomia total, cirurgia de retirada da laringe em que há a perda da voz. A atividade é mais do que um exercício musical, pois funciona como uma terapia de encontro na qual todos se socializam e, juntos, dão um novo sentido à vida depois do câncer.
Um exemplo disso é o cantor, compositor e paciente HCP, Carlos Constantino, também conhecido como Louro Castro. Em 2017, ele foi diagnosticado com câncer de Laringe em estágio inicial e precisou fazer sessões de radioterapia. Carlos teve sua voz inicialmente comprometida, porém com ótimos resultados após reabilitação.
“É uma felicidade muito grande pra poder estar com todas essas pessoas, entre os profissionais da fonoaudiologia e pacientes. A música já tinha uma importância muito presente em minha vida e isso não mudou, muito pelo contrário”, conta. Carlos Antônio jé superou o câncer e não teve a voz comprometida, como é o caso de muitos pacientes que passam pela retirada da laringe e todo o processo de reabilitação.
Além de pacientes, o coral é composto por voluntários e profissionais da fonoaudiologia. Para Erika Espíndola, responsável por conduzir o coral desde o início, a pandemia foi um período de muita ansiedade pela volta do Coral Ressoar. Segundo ela, é um trabalho que devolve a autoestima e a capacidade da comunicação.
“É muito gratificante ver os pacientes cantando e alegres. Passamos por dois anos parados e não víamos o momento desse retorno acontecer. Esse é um trabalho que faz parte da reabilitação ao paciente e mostra que ele podem cantar mesmo após do câncer de laringe.
De pai para filho
No Coral Ressoar o que não faltam são histórias de superação e de amor, como a Gabriel Lira, músico de 17 anos que toca no grupo musical desde que decidiu assumir o lugar do pai. O pai dele, Paulo Bezerra de Lira, tocou violão no coral por muitos anos de forma voluntária. Em 2021, ele faleceu em decorrência da covid-19 e deixou um importante legado para Gabriel.
“Foi uma decisão minha em dar continuidade ao trabalho voluntário que meu pai sempre fez, com muito amor e dedicação”, diz Gabriel. Os ensaios acontecem na capela do HCP, e Gabriel também participa das missas. “Para mim, é uma honra ocupar o lugar do meu pai”, completa.