A campanha nacional Julho Verde, criada em atenção aos cânceres que acometem a região da cabeça e pescoço, também está na programação do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). Referência em tratamento oncológico, a instituição lança neste mês uma série de conteúdos sobre o tema com o objetivo de alertar a sociedade sobre os riscos dessas doenças. Neste ano, o mote da campanha do HCP é Câncer de Cabeça e Pescoço: previna, detecte, trate e cure. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os cânceres de cabeça e pescoço são o quinto tipo de maior incidência entre homens e mulheres no Brasil.
O termo câncer de cabeça e pescoço é utilizado para o conjunto de tumores que se manifestam na face, boca, laringe, faringe, glândulas parótidas, glândulas salivares, tireoide, e ossos da cabeça e pescoço, portanto, mexem com a estética facial, a deglutição, a alimentação e a voz do paciente. Por ter sintomas parecidos com outras condições clínicas, como aparecimento de um nódulo, uma ferida que não cicatriza, dor de garganta que não melhora, dificuldade para engolir e alterações na voz ou rouquidão, muitas vezes os sintomas são negligenciados. Cerca de 76% dos casos de câncer de cabeça e pescoço, segundo o INCA, são diagnosticados tardiamente, aumentando as possibilidades de sequelas no paciente, além de elevar a taxa de mortalidade.
O diagnóstico precoce e o rápido início do tratamento são fundamentais para a cura do câncer de cabeça e pescoço. “Para a detecção precoce é importante ter atenção aos sintomas e realizar acompanhamento médico e odontológico frequentemente. Os profissionais são os mais indicados para a identificar o câncer no estágio inicial”, alerta o coordenador e cirurgião do serviço de cabeça e pescoço do HCP, dr. Luiz Mário. A Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) indica que a detecção precoce desse tipo de câncer pode alcançar até 90% de cura se tratado precocemente. No Brasil, o cenário para o câncer de cabeça e pescoço é preocupante. São registrados cerca de 41 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer. No entanto, o diagnóstico e o tratamento tardio ainda estão entre os principais entraves para o enfrentamento da neoplasia que, apenas em 2019, acometeu mais de 13 mil brasileiros.
Historicamente esses cânceres estão ligados ao consumo do tabaco e álcool, má condição de higiene oral, infecção pelo HPV (papiloma vírus humano) e a exposição ao sol. A prevenção primária se enquadra em evitar os fatores de risco: não fumar, não consumir bebidas alcoólicas em excesso e não praticar sexo oral sem proteção. Manter hábitos saudáveis, uma boa higiene bucal e visitas regulares ao dentista podem propiciar diagnósticos em estágios mais iniciais e garantir o sucesso do tratamento. A vacina contra o HPV está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Ela combate os quatro tipos de vírus (6, 11, 16 e 18). Os tipos 16 e 18 são os mais relacionados ao câncer de colo uterino e de cabeça e pescoço.
A maioria dos tumores de cabeça e pescoço têm como tratamento a cirurgia, mas em alguns casos, dependendo da gravidade do tumor, pode-se optar pela quimioterapia, a radioterapia ou a associação de ambos. O tratamento desses tumores, em muitos dos casos, levam os pacientes a precisarem de acompanhamento com fonoaudiólogos, enfermeiros e fisioterapeutas para proporcionar melhores resultados.