Idealizada pelo Empório Barrozo, Gastro Bar na Rua da Aurora, a Exposição Fotográfica DE PEITO ABERTO já está aberta para visitação do público. A ação faz parte do Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama e conta com a participação de seis pacientes do Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP). O projeto é uma iniciativa do Empório Barrozo e do fotógrafo Moisés Jorge e produção visual de Patrícia Góes. A exposição está disponível desde o último dia 21 de outubro e vai até o dia 21 de novembro, de quarta a domingo, a partir das 14h. No local, os frequentadores poderão realizar doações HCP através de QRCOD’s expostos na galeria, para contribuir com o tratamento do paciente oncológico.
“Quando pensamos em um paciente em tratamento de câncer a primeira coisa que nos vem na cabeça é uma pessoa debilitada, triste. O que estaremos mostrando na exposição são momentos plenos e de felicidade, mesmo em uma fase tão difícil de quem tem a doença e passa por tratamentos muitas vezes difíceis. O objetivo é mostrar que deve existir “SIM” alegria em todos os momentos da nossa vida” ressalta o idealizador da exposição Carlos Pachêco.
A exposição está aberta ao público gratuitamente. “Quando Carlinhos me jogou a ideia assinei em baixo na hora. Até porque o nosso empório não nasceu apenas para ser um lugar onde se bebe e se come, e sim com o objetivo de ajudar ao próximo. Essa é uma das maiores missões do ser humano nessa vida e nós não poderíamos deixar de colaborar com o Hospital do Câncer que realiza um trabalho lindo para o nosso estado” ressalta Ana Paula Góes proprietária do Empório Barrozo.
A jornalista Natascha Costa deu um toque ainda mais especial à exposição. Ao lado de cada painel, o cliente poderá conhecer um pouco mais sobre a história de cada paciente. Em belíssimas palavras, Natascha relata o que o sentimento de cada um ao receber o diagnóstico de câncer, o que eles pensaram na hora que souberam e o rumo decidiram dar para sua vida após a notícia.
Confira as fotos da exposição e conheça cada uma dessas histórias, mas não deixe de conferir pessoalmente e ajudar o HCP.
Maria Luiza Rodrigues
48 anos
Aposentada
Viúva
Mãe de uma filha
Mastectomia Total unilateral
Quimoterapia: 28
Radioterapia: 27
Ela tinha 23 nos e uma filha de seis meses, quando a vida mudou completamente. Não bastasse a maternidade e todo o rebuliço que causa no dia a dia das mulheres, Luiza descobriu um câncer que iria testar todos os limites da mente e do corpo dela. “Eu recebi o diagnóstico, mas nem sabia da gravidade da doença. Na verdade eu não tava entendendo nada. Era tudo muito estranho e complicado pra mim”. E não era pra menos. Luiza teve um tipo de tumor muito agressivo, que era retirado e, com cerca de 15 dias, reaparecia. Ao todo foram 28 cirurgias, que fizeram até os médicos desacreditarem de uma possível cura. “Eu me sentia perdida e fui praticamente adotada por um casal de voluntários do HCP, que me acolheu em tudo. Cheguei a ir pra casa deles e ganhar os remédios que eu não tinha a menor condição de comprar”, lembra. Esse casal era Alciete e Hermes Darci, mais conhecido como HD. Luiza não cansa de falar da importância desses dois anjos, como ela gosta de chamá-los, na vida dela. Mas também lembra o apoio que recebeu do marido, da família e de todos do HCP. A história dessa mulher que enfrentou bravamente as intermináveis sessões de quimio e radio, a perda do marido durante esse processo e viu a filha crescer entrando e saindo de hospital, foi contada no livro ‘O Sorriso de Luiza’, escrito por Gil Acioly. E é esse sorriso que a gente vê o tempo todo no rosto dessa mãe dedicada que se tornou o maior exemplo de força, coragem e amor ao próximo, pra filha. “Muitas vezes eu fazia uma sessão de quimio e esperava as reações passarem, pra voltar pro HCP, onde trabalho, e ajudar as pessoas. Amor, cuidado e atenção são remédios poderosos pra quem dá e quem recebe. E eu nasci pra isso”. Alguém duvida?
Josefa Isaura da Silva – 55 anos
Catadora de latinha
Viúva
Mãe de uma filha
Foi durante o autoexame, na hora do banho, que Isaura sentiu alguma coisa errada no peito. E ela estava certa. Os exames mostraram que aquele nódulo era mesmo câncer e ela precisava ser rápida pra aumentar as chances de cura. Encaminhada pro HCP, Isaura começou o tratamento pra, em seguida, fazer a retirada total da mama direita. “ A gente leva um susto, mas não dá pra ficar muito tempo pensando, chorando, reclamando. Tem que ter fé, primeiramente em Deus, depois nos médicos e seguir”. Isaura se dedicou dia e noite a matar “o bichinho que queria fazer mal a ela”, como disse a médica que viu a mamo. “Eu disse pra doutora que se era um bicho, eu ia matar ele com minha vontade de viver, minha autoestima e meu sorriso. Porque coisa ruim não gosta de ver ninguém feliz e eu sou muito”, comemora. Isaura é puro aprendizado. Não há como conversar com essa mulher sem abrir um sorriso de admiração. Pra ela o dia está sempre lindo, mesmo se amanhecer nublado. Porque ela sabe a importância de estar viva e com saúde. “Eu faço tudo que os médicos dizem pra ficar bem. A quimioterapia mata as células cancerígenas, mas mata as células boas também, então a gente tem que ficar forte pra não deixar o corpo sofrer muito e combater a doença”. Isaura aprendeu o que pôde sobre o câncer, teve todo apoio da família e profissionais do HCP. Todo dia tenta se reinventar pra não ficar parada e ser a melhor avó do mundo Miguel, de 1 ano e meio. “A gente tem que acreditar que Deus tá sempre olhando pela gente. A vida é maravilhosa e não podemos desistir de viver. Sempre dá pra lutar um pouco mais. E eu luto sempre”. E com essa energia incrível, você vai vencer sempre, Isaura.
Andrea Mota – 54 anos
Mãe de dois filhos
Solteira
Auxiliar de saúde bucal
Mastectomia total unilateral
“Senhor, será que vai dar tempo?!”. Esse foi o único questionamento que Andrea fez a Deus, na hora que confirmou que aquele nódulo na mama direita, descoberto durante o banho, era câncer! Um tumor de 9cm e super agressivo, deixava claro que seria uma batalha difícil. “Não foi a primeira vez que achei que fosse morrer, mas ninguém se acostuma com essa sensação”, desabafa. Essa mulher que nasceu em casa, em cima de uma mesa, sabia que era forte o suficiente pra enfrentar mais essa luta. Vítima de violência doméstica física, durante quatro anos, e depois de pensar em acabar com a própria vida e do filho, pra escapar das agressões do pai da criança, Andrea teve a chance de comprovar que ainda havia muito amor e empatia nesse mundo. “Ou eu seguia em frente ou seguia em frente. E foi a mão estendida de uma amiga que renovou a minha fé”. Juntas, ela e Jeronice, carinhosamente chamada de Nice, seguiram. As sessões de quimio, radio, cirurgia de retirada total da mama, depois retirada dos ovários que ameaçavam causar problemas, tudo era acompanhado de perto por essa amiga por quem Andrea sente profunda gratidão. “Até lenço na cabeça Nice passou a usar pra me deixar mais a vontade” conta emocionada. Hoje esse sorriso é de quem ressignificou tudo, transformou a dor em alerta e solidariedade. Essa mulher incrível virou Voluntária do Amor no HCP e tem levado esse belo exemplo de superação pra centenas de outros pacientes. “A gente está nessa vida pra isso: fazer o bem. Hoje eu sou feliz sim, e sigo reconstruindo minha saúde mental dia a dia. As marcas estão aí pra me mostrar como sou rodeada de amor e muito capaz”. Muito mesmo, Andrea.
Mariana Miranda – 28 anos
Auxiliar administrativa
Casada
Está grávida de oito meses
Mastectomia Total unilateral – Mas será bilateral depois de amamentar
Ela tinha 26 anos, muita energia e disposição pra não abrir mão da academia, nem naqueles dias mais preguiçosos. “Eu era focada no meu corpo. Tinha que tá magra e malhada sempre” conta. Até que uma alteração genética favoreceu o aparecimento de um câncer na mama esquerda. Era dezembro de 2019. “Parecia que o mundo ia desabar. Fiquei sem chão”. A juventude tornava o diagnóstico ainda mais inacreditável. E dezembro, que já carregava o peso de ser o mês da morte do pai de Mariana, ficou ainda mais cruel. “Nessa hora a gente precisa de todo apoio possível. Minha família e meu marido foram fundamentais. Nunca fui sozinha pra nenhuma sessão de quimio, nem radio, muito menos pra cirurgia de retirada total da mama”. Mari conta que, mesmo arrasada pelo diagnóstico, nunca pensou em deixar de lutar. E foi no meio dessa luta que veio a notícia: Mariana descobriu que ia ser mãe, durante a quimioterapia oral. Agora ela precisava cuidar de mais uma vida, além da dela. “Tive que interromper essa etapa do tratamento. Volto depois que minha bebê nascer. Estamos muito bem, eu e ela, graça a Deus e aos meus médicos maravilhosos”, comemora essa menina tão nova, quanto madura, que depois de amamentar vai retirar a mama direita, por precaução. Mariana diz que entendeu perfeitamente porque precisou passar por isso. “Eu tinha que repensar a relação com o corpo. A saúde é o foco. Todo mundo gosta de se olhar no espelho e ficar satisfeito com o que vê. Mas às vezes a gente fere o corpo, achando que tá cuidando dele”. E Noemi Vitória, que chega no fim deste ano, fez o mês de dezembro ser promovido ao mês do renascimento. “Agora eu vou comemorar a minha cura e a vida da minha filha, todo fim de ano”. E a gente fica muito feliz com isso, viu Mari?
Daniel Lira – 34 anos
Empresário
Casado
Pai de dois filhos
Mastectomia total unilateral
Quimioterapia: não precisou
Radioterapia: 30
Um histórico familiar preocupante deixava Daniel sempre alerta. “Tenho pais, avós, tios e primos que descobriram câncer em diferentes órgãos do corpo. Isso sempre me preocupou”. Mas o que nunca tinha passado pela cabeça dele é que um dos tipos mais raros de carcinoma masculino, seria descoberto justamente nele. Carcinoma Ductal in-situ. Esse é o nome do responsável pela mudança total na vida de Daniel e da família toda. “Minha esposa chegou em casa dizendo que tinha sido desligada da empresa. Ficamos arrasados. Além da perda financeira havia a preocupação com o plano de saúde. Eu tinha ginecosmatia, um aumento do volume das mamas e precisava me operar pra fazer essa correção. Só que eu sempre adiava”. Com a demissão da esposa, Daniel só tinha mais 20 dias de convênio médico pra voltar ao cirurgião, fazer os exames pré-operatórios e passar pela cirurgia. Não podias mais adiar. E deu tudo certo! Como procedimento padrão, o material retirado das mamas seguiu pra biópsia. E foi aí que veio o susto! Sem dar o menor sinal de que estava ali, o câncer tinha se instalado. “Na hora parece que te dão uma sentença de morte e eu só tinha 32 anos. Só que o resultado é apenas um diagnóstico e a gente precisa entender isso pra juntar forças e lutar”, ensina. E assim foi feito. Com o câncer de Daniel, a família toda passou a se cuidar mais, principalmente os homens. Ele mesmo hoje leva uma vida bem mais saudável, com alimentação balanceada e exercícios físicos. “A gente entendeu tudo. Foi um alerta pra todo mundo. Deus sempre faz a coisa certa. Tenho uma família incrível e a gente ainda tem muito o que viver juntos. Eles são minha prioridade”. É, Daniel, a gente também entendeu tudo.
Risolene Maria da Silva – 46 anos
Costureira
Solteira
Mãe de uma filha
Mastectomia total unilateral
Quimioterapia: 8
Radioterapia: 32
“Todos me abandonaram, menos Deus e minha boneca”. É assim que Risolene resume a falta de apoio que teve, quando contou pra família que estava com câncer. “Parecia que eu tinha dito que tava com uma dor de cabeça”. A frase só não é mais forte que essa mulher de 46 anos, que aos 38 foi surpreendida por um tumor no seio. “Eu vinha sentindo uma dormência nos braços fazia tempo. Mas achava que era o esforço na bicicleta” conta. E assim ela foi adiando o ida ao médico. Até que o acaso salvou a vida dela.
O ex-marido pediu ajuda pra fazer uma sopa na casa dele. E ela foi. Sopa pronta e eles foram sentar pra comer juntos. Foi aí que a história dela ganhou novos e desafiadores capítulos. “Quando sentei, a cadeira quebrou e bati meu peito na mesa. Na hora senti uma coisa estranha, parecia uma caroço”. E era. O diagnóstico confirmou um câncer que a fez tirar toda a mama esquerda e 15 linfomas da axila. Seis meses depois, voltou à sala de cirurgia pra tirar o útero e em seguida a vesícula. “Foi tanta coisa ao mesmo tempo que eu achei que não ia aguentar”. Mas ela aguentou! E vem aguentando firme, dia após dia. No hospital fez amigos e foi de um deles que ganhou Babalu, a boneca que virou parceira e símbolo da sua luta. “Enfrentar o câncer sem apoio deixa tudo ainda mais difícil. Mas também ensina muito, faz a gente ficar mais forte”. A doença fez Risolene criar um canal no youtube, onde compartilha sua experiência. “É a minha forma de ajudar as pessoas e me ajudar também. Postei só alguns vídeos, mas recebi muita energia boa de quem assistiu”. E não podia ser diferente. Risolene é sorriso aberto de quem não desiste da luta e segue sempre em frente. “Eu amo viver. Aproveito cada minuto. Estar vivo é uma dádiva e eu já acordo agradecendo a Deus por tudo”. E a gente segue torcendo pra que existam cada vez mais Risolene nesse mundo!