Apesar de raro, o câncer de mama também pode acometer os homens, representando 1% do total de casos registrados. Ou seja, a cada 100 mulheres diagnosticadas com a doença, um homem recebe o diagnóstico. Em meio à campanha mundial Outubro Rosa, onde várias instituições de saúde alertam às mulheres para a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, o Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) busca, também, fazer esse alerta aos homens. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 200 homens morreram da doença em 2018.
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação anormal e descontrolada de células mamárias. E tanto nas mulheres, quanto nos homens, apresentam os mesmos sintomas – Retração de pele, aparecimento de nódulos ou caroços, secreção pela aréola (mamilo), gânglios ou ínguas nas axilas e vermelhidão na área do peito e coceira. Diferente da mulher, que após os 40 anos de idade precisa fazer a mamografia anualmente, não existe exame de rastreio para câncer de mama em homens o que, muitas vezes, prejudica o diagnóstico precoce, fator primordial para o sucesso do tratamento – segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), se detectado no início, o câncer de mama tem 95% de chances de cura. “É importante que o homem preste atenção em seu corpo e, em caso de qualquer sinal, procurar atendimento médico. O mastologista vai indicar os exames necessários para a definição do diagnóstico”, destaca a coordenadora do serviço de mastologia do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), Denise Sobral.
Esses exames para a confirmação do diagnóstico, muitas vezes a mamografia, também é o método ideal indicado para afastar o principal diagnóstico diferencial, a ginecomastia (aumento benigno da glândula mamária do homem, nas duas mamas, não relacionado ao câncer de mama, e mais comum na adolescência, resultante das alterações anormais da puberdade). O câncer de mama, normalmente, atinge homens mais velhos, a partir dos 60 anos. E podem estar relacionadas com o aumento de hormônios femininos no corpo, utilização de medicamentos, obesidade e mutações genéticas (o câncer de mama pode ser mais frequente em homens cujas famílias apresentam muitos casos de câncer de ovário e de câncer de mama). “Perdi quatro tias para o câncer e, hoje, sou paciente do HCP”, descreve Daniel Lira (33 anos), diagnosticado com câncer de mama em 2019. “Em 2019, fiz uma cirurgia plástica para a retirada de uma ginecomastia que me acompanhava desde os 14 anos, no resultado da biópsia recebi a notícia. Como na cirurgia já tinham retirado todos os tumores, só precisei de algumas sessões de radioterapia e medicação, hoje faço parte de um estudo genético para acompanhar o possível desenvolvimento de mais algum tumor ou a probabilidade de meus filhos serem herdeiros dessa doença”, explica Daniel.
“Quando um homem recebe o diagnóstico de câncer de mama, as parentes de primeiro grau deste homem, a filha e irmã, por exemplo, precisam ser acompanhadas e, até mesmo investigadas no ponto de vista genético, visto que um homem com câncer de mama aumenta a possibilidade de câncer de mama nas mulheres da família”, destaca a mastologista Denise Sobral. O tratamento do câncer de mama em homens, assim como nas mulheres, dependerá do estágio da doença, mas pode envolver cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou a junção de ambos. Porém, diferente da mulher, a cirurgia em homens, em decorrência do tamanho da mama e da menor quantidade de pele, torna-se menos conservadora.
Câncer de mama em números: Apesar de rara, a doença pode acometer também os homens, representando 1% do total de casos da doença. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama deve acometer, ainda em 2020, 66.280 pessoas. Para o INCA, 17.763 pessoas morreram pela doença em 2018, sendo 17.572 mulheres e 189 homens.