Anualmente o Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) abraça a campanha Setembro Dourado, feita para alertar sobre os sinais e sintomas relacionados ao câncer infantil. Ganhando destaque nos últimos anos, o tema saúde mental também vem sendo fortemente abraçado por várias instituições de saúde através do Setembro Amarelo, campanha dedicada à prevenção ao suicídio. Por este motivo, o HCP busca, durante todo o mês, também ressaltar para a sociedade sobre a importância de cuidar da saúde mental e física das crianças e adolescentes diagnosticadas com câncer.
Pernambuco é o 7° estado do país com mais casos notificados de violência autoprovocada, que são pensamentos suicidas, automutilações e tentativas de suicídio entre jovens de 15 a 19 anos, segundo Ministério da Saúde (2019). Solidão, desesperança e doenças estão entre os principais fatores de risco para o suicídio, sentimentos que, também, são muito comuns quando falamos em câncer. Essas informações intensificam o fato de que a saúde mental de pacientes oncológicos precisa ser avaliada regularmente. É necessário como forma de prevenção do suicídio, identificar os fatores de risco para ajudar os profissionais de saúde, familiares e amigos para intervir precocemente e salvar vidas.
Os tratamentos contra o câncer são agressivos, longos e, muitas vezes, com cirurgias mutiladoras. “As crianças e os adolescentes acabam sendo privados de brincar, ir para a escola, para festas, e isso pode causar uma tristeza, baixa autoestima e, até mesmo, depressão, ocasiona por essa privação da sua infância”, explica a coordenado do serviço de psicologia, Karla Neves. Paciente do HCP há quatro anos, Izael Marques (22 anos), afirma ter sofrido muito preconceito por causa do câncer. “Muitos amigos se distanciaram de mim, porque tinha medo de pegar também. Me viam como um aleijado. As pessoas são muito ignorantes sobre isso. Acabei me excluindo em casa, falava para mim mesmo que só iria sair quando meu cabelo crescesse”, lembra.
“Não podemos resolver suas angústias, mas podemos escutá-los e ajuda-los a dar voz aos seus sentimentos. O falar traz a cura, quando o paciente consegue se expressar, ele aceita sua realidade como ela é, aprendendo a se olhar com mais carinho e lidando melhor com o mundo da forma que ele é”, explica a psicóloga.
Além do apoio profissional, a participação e o apoio dos familiares e amigos também é muito importante. “Minha esposa também teve câncer antes de mim. Assim que nos conhecemos, um dia depois, ela me ligou preocupada perguntando sobre como eu estava me sentindo. Foi incrível ver que ela se importava comigo, um total desconhecido. Isso me deu muita força, poder contar com ela e todos que se importavam e me escutavam”, conta Izael.