Dez pacientes laringectomizados do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), ou seja, que retiraram a laringe em decorrência de câncer na região, devem voltar a falar em breve. Isso porque a Associação Brasileira dos Portadores de Câncer (AMUCC), junto com a Associação Câncer Boca e Garganta (ACBG), através do projeto “Laringe Eletrônica: Uma Voz Possível!”, doaram 10 laringes eletrônicas, equipamentos que amplificam as ondas sonoras emitidas pelo paciente. A entrega ocorreu nesta terça-feira (16), em uma data muito representativa para a ação, o Dia Mundial da Voz. Agora os contemplados com o aparelho serão acompanhados pelo Serviço de fonoaudiologia do Hospital de Câncer de Pernambuco para melhor adaptação.
O “Laringe Eletrônica: Uma Voz Possível!” é um projeto submetido ao Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON), que permitiu a captação de recursos para a aquisição das laringes eletrônicas. Ao todo 350 equipamentos foram distribuídos em todo o Brasil, sendo dez deles destinados à Pernambuco, mais precisamente ao Recife, no HCP, instituição referência na realização de laringectomia total. “Essa doação é de grande relevância para os pacientes que estão em acompanhamento fonoaudiológico, porém não obtiveram sucesso com a produção da voz esofágica (um dos tipos de reabilitação vocal), visto que, os mesmo terão condições de voltarem a se comunicar verbalmente, trazendo mais autonomia e empoderamento, permitindo mudanças na qualidade vida”, comemora Danielle Terto, coordenadora do Serviço de Fonoaudiologia do HCP. Os pacientes escolhidos para receberem o aparelho foram selecionados pelas fonoaudiólogas do serviço seguindo três critérios principais. “Demos prioridade aos que estão há mais tempo em reabilitação vocal, que tiveram insucesso na aquisição da voz esofágica, e os que possuem menor condição financeira, já que um aparelho desse custa em média R$ 3 mil reais”, complementa Danielle.
O câncer de laringe é um dos cânceres mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e pescoço, representando cerca de 25% dos tumores malignos que acometem essa área (INCA 2018). De acordo com estágio em que a doença se encontra, são vários os tratamentos, incluindo a laringectomia total (nos casos mais avançados), onde ocorre a retirada da laringe, resultando na perda da voz laringea, e em traqueostomia definitiva, a abertura de um orifício artificial na traqueia. “Com a laringectomia total o paciente precisa reaprender a falar. A laringe eletrônica é um dos métodos utilizados, mas muitos não têm acesso devido ao alto custo do aparelho”, explica Ana Araújo, fonoaudióloga do Serviço de Fonoaudiologia do HCP. As outras duas técnicas de reabilitação vocal são a voz esofágica (produzida através do esófago) e a prótese traqueoesofágica (voz produzida através de uma prótese inserida em uma abertura na parede que separa a traquéia e o esôfago).