Durante um ano, nove estudantes de medicina se dedicaram a conhecer e vivenciar a rotina do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). Na última segunda-feira (17), elas concluíram suas jornadas na primeira turma da Liga Acadêmica de Oncologia (Liacon) promovida pela instituição. Mais do que aprendizado técnico, no entanto, a oportunidade de cuidar dos pacientes foi o grande destaque do programa. Os certificados de conclusão do curso foram entregues em solenidade realizada na Biblioteca do HCP.
As ligas acadêmicas são iniciativas que visam aprofundar o conhecimento dos estudantes em especialidades determinadas. A primeira iniciativa desse tipo surgiu em 1918, com a criação da Liga de Combate à Sífilis, vinculada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A popularização desse modelo, no entanto, só ocorreu nos anos 90.
“O diferencial da nossa liga está no fato de que ela prepara o aluno para saber cuidar do paciente. Para isso, ele passa por todos os serviços ambulatoriais e clínicos do HCP, e não somente por uma especialidade”, explicou o coordenador da Liacon, o ci/rurgião dr. Josimário Silva, destacando que esse projeto reforça a vocação acadêmica do HCP.
“A relação médico-paciente com pacientes oncológicos é diferente das demais. A Liacon proporciona um aprendizado de como se portar com um paciente que é mais complexo”, concordou o também coordenador da Liacon, dr. Felipe Dubourcq. Segundo ele, a vasta quantidade de material patológico existente no HCP é um ponto positivo para o aprendizado. “Isso precisa ser mostrado para os alunos”, enfatizou.
Cursando o 5º período na Uninassau, a estudante Sara Lopes declarou que a Liacon a fez se aproximar ainda mais da oncologia. “Acredito que esse foi um dos meus melhores anos em medicina até agora. Aprendi a lidar não só com os pacientes e suas doenças, mas com ele por inteiro”, ressaltou.
Essa é a mesma opinião de Renata Fernanda, estudante da Universidade de Pernambuco, que está cursando o 9º período. Com um trabalho de conclusão de curso direcionado para os cuidados paliativos, Renata explicou que o grande trunfo da Liacon foi a possibilidade de estar perto do paciente. “Não só na parte técnica e física, mas também compreendendo que ele tem outras dores. O papel do médico é cuidar desse paciente como um todo”, ponderou.