A Medicina diz claramente que uma das principais causas do câncer de pele é a exposição prolongada ao sol. E todo mundo sabe disso. Mas, dezembro chegou e não custa nada relembrar o assunto. Por isso, a equipe do Departamento de Dermatologia do Hospital de Câncer, que realizou mais de mil consultas, de janeiro a outubro de 2015, alerta os pernambucanos para a proteção necessária no verão, quando as pessoas tendem a ir à praia com maior frequência.
Existem dois grupos principais de câncer de pele. O melanoma, menos frequente e mais agressivo, pode se apresentar como novos sinais escuros, ocorrendo em áreas de pele mais expostas ao sol, como face, pescoço, braços e mãos. Sinais antigos podem evoluir para o melanoma e nesses casos observamos também alterações de tamanho, cor, forma e podem apresentar sangramento. Já o câncer de pele não melanoma são os mais frequentes, ocorrem em mais de 90% dos casos e apresentam-se como feridas que não cicatrizam, e, em geral sangram, também, localizando-se naquelas regiões do corpo mais expostas à radiação solar.
Para a dermatologista do HCP, Mecciene Mendes, a orientação é procurar um médico assim que perceber um sinal (ou pinta) suspeito, com crescimento mais rápido que o normal, com várias cores (furta-cor) ou lesões que sangram. As pessoas que têm parentes que já tiveram o câncer de pele devem estar mais atentas aos sinais e a essas alterações. “A chance de cura é muito alta, mas, é preciso que as pessoas procurem o médico com rapidez para a retirada cirúrgica ou tratamento com quimioterápicos ou medicações semelhantes de uso local, com o objetivo de aumentar as chances de cura e de evitar sequelas maiores. Pode ser necessário, além da cirurgia, tratamentos coadjuvantes como a radioterapia e a cirurgia reparadora de cicatrizes”, explica.
Como orientações gerais para a prevenção desse tipo de câncer deve-se evitar o sol principalmente entre as 9h e 15h, quando predomina a radiação ultravioleta UVB, responsável pela “vermelhidão” da pele e queimaduras. A radiação ultravioleta A, que é responsável pelo bronzeamento da pele, apresenta-se de forma contínua durante todo o dia e também causa o câncer e o envelhecimento precoce da pele. Vale ressaltar que as pessoas que têm cor de pele, olhos e cabelos claros, que queimam com pouca exposição ao sol e que não bronzeiam, em geral, têm maior risco de desenvolver o câncer de pele.
Mas, há outras características além da cor da pele, como por exemplo, a herança genética, que explica que as pessoas de cor de pele morena também podem desenvolver esse tipo de câncer. Portanto, como regra geral, fica a orientação para que se utilize protetor solar diariamente, de fator de proteção, pelo menos, 15, para a cor de pele morena, e 30, para a cor de pele mais clara, pela manhã, com pelo menos uma renovação no meio do dia. Nas exposições mais intensas, tais como em praias e piscinas, jogos expostos como o futebol de campo, o protetor deve ser renovado com intervalo de cerca de 2 horas ou a cada mergulho. Nessas situações, o Fator de Proteção Solar (FPS) deve ser de 40 ou mais.
Dra. Mecciene alerta ainda para que todas as pessoas, independentemente das férias ou do verão, usem proteção solar diariamente, e as crianças já a partir dos dois anos de idade. “As estatísticas dos últimos anos são progressivas. Nos últimos 20 anos, o aumento de câncer de pele foi de, pelo menos, 20%. Por isso, também vale utilizar camisetas, chapéus e ou bonés com proteção solar. E, para quem gosta de ficar na sombra, cuidado: A água do mar pode refletir cerca de 25% e a areia reflete até 15% da radiação, ou seja, também é necessário utilizar protetor solar quando estamos na água ou mesmo embaixo de uma cobertura.
Outro ponto levantado pela médica é que a radiação solar também reduz a resistência do organismo no combate às infecções, favorecendo a recidiva de infecções como o herpes simples e levando à descompensação de doenças como o lúpus. Além dessas situações e para quem está em tratamento ou em fase de recuperação de qualquer câncer, as exposições ao sol devem ser evitadas.
As altas temperaturas do verão podem levar à desidratação, então, devemos estar atentos ainda para aumentar a ingestão de água e líquidos no decorrer do dia e usar hidratantes na pele, principalmente para as pessoas que estão na terceira idade cuja pele já tende a ser, naturalmente, um pouco mais seca.