Em comemoração ao dia mundial dos Cuidados Paliativos e ao aniversário da Enfermaria São Lucas, o Hospital de Câncer de Pernambuco promoveu na última sexta feira (8), um momento de conscientização e conhecimento sobre o assunto. A abertura do evento ficou por conta do superintendente médico do HCP, Dr. Fábio Malta e da enfermeira Conceição Hander.
O primeiro palestrante foi o Dr. José Anchieta, infectologista e médico no Hospital Oswaldo Cruz. Em sua palestra ele esclareceu sobre o que de fato são os cuidados paliativos, citou alguns mitos e curiosidades, falou também sobre a importância das várias nuances dentro deste universo, a espiritual, a física e a psíquica, de cada paciente. Para cada uma dessas particularidades, precisa existir, segundo ele, um trabalho individualizado e uma equipe muito bem preparada. Dr. José Anchieta ressaltou, ainda, que os cuidados devem se estender para toda a família, já que os parentes influenciam diretamente no tratamento e na recuperação do paciente.
Durante palestra do Dr. Fábio Malta, por sua vez, as pessoas foram instigadas a diversas reflexões dentro do campo da espiritualidade, como as diferenças entre espiritualidade e religiosidade, por exemplo. Foi discutida a questão da morte e o medo de morrer. Ele lançou uma pergunta para a plateia: Já parou para pensar em como gostaria de morrer, caso pudesse escolher? Alguns afirmaram que não queriam sofrer para morrer, outros, porém, afirmaram que não pensavam muito em “como”, mas “quando”, pois gostariam de ver os filhos crescidos quando isso acontecesse.
Além disso, Dr. Fábio trouxe dados importantes, como o de que cerca de 70% dos pacientes gostam de falar de suas crenças quando estão em situação grave e a maioria das pessoas acredita numa força maior, ou em Deus, independentemente de ter religião ou não. Ele lembrou que já que a maioria das pessoas acredita numa força maior, é importante se estar atento à espiritualidade do paciente.
A enfermeira Conceição Hander trouxe à tona um assunto de extrema importância: o papel da comunicação nos cuidados paliativos. Ela explicou que o contato dos profissionais com os familiares deve ser contínuo, já que a busca pelo conforto, seja ele físico, emocional ou espiritual, também não cessa. Lidar com isso tudo e com os anseios desses pacientes e familiares sem esquecer o trabalho individualizado, segundo ela, não é tão simples. A enfermeira defendeu que uma boa comunicação é o que sustentará a qualidade dos cuidados paliativos. Por isso, para ela, é importante que os profissionais tenham dimensão da essência da comunicação interpessoal para pô-la em prática dentro contexto dos cuidados paliativos.
E o luto? Como lidar? Essa foi uma questão tratada pela psicóloga Erika Barros na última palestra da manhã. Ela explicou que vivemos como se a morte não existisse, quando, na realidade, esta é uma das poucas certezas que temos. Saber lidar com a morte, segundo ela, é essencial para vivenciar um luto saudável, no qual o sofrimento possa ser vivenciado, mas também superado.