São quase 100 mil homens em todo o mundo que são acometidos pelo câncer de pênis. No Brasil, o tipo de tumor representa, ainda, 2% de todos os cânceres que atingem os homens, visto que a doença é relacionada com a falta de higiene e informação básica. Mil amputações de pênis por ano que, se for parcial, poderá levar também a um quadro desconfortável: a disfunção erétil, popularmente conhecida como impotência sexual.
Uma pesquisa do urologista Leonardo Lima Monteiro, do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), que atende cerca de 55% dos pacientes oncológicos de todo o Estado, afirma cientificamente esta informação. Ele analisou 40 pacientes da unidade que se submeteram à amputação parcial do pênis e constatou que esse tipo de cirurgia, também chamada de penectomia, afeta a função erétil. A boa notícia é que o estudo do médico foi selecionado para ser apresentado no Congresso Americano de Urologia (AUA Annual Meeting), considerado mundialmente o maior evento da área.
“Produzimos um trabalho com importância social para a nossa região e com qualidade científica. Assim, apresentar nossa pesquisa no congresso de maior relevância para a urologia é um prêmio pelo nosso empenho”, falou ele ao Jornal do Commercio.
O encontro será realizado de 15 a 19 de maio, em Nova Orleans (EUA), quando dr. Leonardo apresentará que 62,5% dos pacientes que tiveram o pênis parcialmente amputado, com média de idade de 61 anos, queixam-se de disfunção erétil. “Também observamos que, entre esses homens, a impotência sexual se apresenta em intensidades moderada e grave. Os homens que não se submeteram à penectomia e que tem disfunção erétil leve são 26% dos entrevistados”, diz o urologista.
Vale frisar que, nos casos em que a cirurgia preserva parte do órgão, o paciente tem chances de conseguir manter uma ereção, porém com diminuição do tamanho peniano. “O problema é que o abalo psicológico que geralmente acompanha a mutilação do pênis é intenso. Por esse motivo, muitos homens têm dificuldade para ter atividade sexual”, ressalta Leonardo.
A pesquisa, desenvolvida durante o mestrado em ciências da saúde realizado na Universidade de Pernambuco (UPE), também considerou outras variáveis que influenciam a impotência sexual, como a taxa de prevalência da disfunção erétil tem estreita relação com problemas de saúde epidêmicos, o médico investigou a presença de diabete, hipertensão arterial e tabagismo na população estudada. “São algumas das condições que interferem na atividade sexual.”
Números da pesquisa
– 62,5% dos pacientes que se submeteram à penectomia parcial relataram disfunção erétil
– 40% dos homens penectomizados fumam
– 17,5% têm diabete tipo 2
– 45% convivem com hipertensão arterial
– 42% com dislipidemia (caracterizada pela presença de níveis elevados de colesterol e triglicérides)
Como prevenir?
A prevenção do câncer de pênis pode ser feita através de hábitos simples. Na maioria dos casos, basta lavar o órgão sempre com água e sabão – a conduta deve ser adotada na hora do banho e após a relação sexual.
O sinal de alerta deve acender a partir da presença de uma ferida no pênis que não cicatriza e que pode sangrar. Outros sinais são manchas no órgão persistentes. Diante dessas situações, o recomendado é procurar um urologista.
Lamentavelmente, 50% dos pacientes aguardam um ano para marcar uma consulta a partir do momento que percebem lesões ou manchas no pênis.
Com informações do Jornal do Commercio